quarta-feira, 27 de março de 2013

Refletir e pensar a palavra dita ou o silencio da não dita, para que afinal?

Refletir e pensar a palavra dita ou o silencio da não dita, para que afinal?

O sentido que escolhemos gerar acerca de nossas ações é que demonstra o sentido que norteia nossos espíritos ou aquilo que cremos nos mover na direção de levantar todos os dias e caminhar no ritmo que caminhamos, enfrentando as intempéries da vida devido a uma questão biológica: a sobrevivência.

Por isso ainda são poucos que investigam o pensar e suas circunstancias, a reprodução distorcida dos fatos que nos são apresentados como reais e a evidencia da tragédia humana reproduzida em cenas de jornais e TVs, a própria internet ainda é um luxo. A linguagem escrita e falada então...

E ainda assim, temos incríveis movimentos literários, poéticos, expressivos na arte, na cultura. Ainda bem que cada humano é diferente, singular, reproduz aquilo que acredita. Claro, e evidente que estamos todos engendrados nas armadilhas do poder, posto que ainda que critiquemos, mesmo os mais samaritanos quereriam expor suas idéias sobre a melhor forma de direcionar a ação entre os humanos.

E nisso nasce a tirania. Nos silêncios das certezas e no fim do debate de idéias. Na renúncia por si mesmo em prol da técnica, e no esforço sobre a matéria, a concretude, o cimento.

Resultados são marcas que deixamos em nossos caminhos. São a evidencia da busca incensante pelo melhor caminho no jogo da vida. 

Expor a palavra dita e se aproximar de si é o caminhos que propomos no C.E.R, para que possamos cada vez mais elucidarmos as questões do cotidiano em prol de construções que edifiquem o ser na certeza de suas verdades.

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A palavra

A escrita da palavra dita ou pensada tem muita relação com o outro, talvez quase nem existiria sem a relação, mas não existiria sem o outro.

Nossas fontes de inquietações, nossos instantes são dedicados ao que fazemos de nós, seja em que contexto estivermos inseridos.

A prática de nossas ações, normalmente são reproduções de nossos medos inconscientes que não foram investigados, todos humanos os tem, são como o pecado original, ou a queda, ou a propria descoberta do Inconsciente formulado por Freud.

O resultado delas se dá durante a caminhada da vida, outros tem a sorte e a fortuna de abandoná-las logo no início outras no meio e mais outras no fim, algumas tem a alegria de escrever sobre ela, outros de nem pensarem sobre ela a risco de enlouquecer ou se matar.

Nos espelhamos nas vidas alheias, crendo ser o caminho do outro sempre melhor. Visualizamos o que acreditamos ser certo e verdadeiro e seguimos. A expressão talvez seja um dom ou ao mesmo tempo, uma ousadia.

Pois, na expressão está, sem dúvidas os caminhos e as ferramentas que precisamos conhecer para seguir adiante e comunicar aos amigos e desconhecidos o invisível diante de nós, para que por um instante que seja, sejamos convidados à reflexão...

CER - Centro de Estudos Reflexivos

IGUAL, NORMAL E DIFERENTE

Palavras servem para que saibamos o que queremos dizer, através de sentidos que damos as coisas no mundo. Daquilo que sabemos e de que somos capazes de falar e apreender ou se expressar de algum modo, então, surgem os artistas, os deficientes e estrangeiros, demonstrando outras linguagens e outros significados.

Ou seja, as palavras constituem o universo de nossa razão de crer. Quando expressamos nossa opinião, estamos demonstrando que conseguimos acessar uma forma de expressar, seja ela qual for. 
Quando integramos o campo de pensar, achamos que somos algo maior daquilo que se pensa. Quando amadurecemos no sentido de ampliar o olhar e conhecer novos "modos" de se fazer algo, algo muda dentro de nós e passamos a perceber melhor as palavras e seus significados.

Observar a palavra dita, nos leva a observar o silêncio da não dita, a expressão que arde no olhar e na sensação de sentir as ações do outro, sendo esse outro o espectador de nossa existência  porém, sempre aprendemos que devemos servir ao outro para nos satisfazermos. O uso e a utilidade das coisas no mundo, se propõe a expor o que se trata por igual, normal e diferente que são palavras usadas gerando conceitos entre humanos para determinar aquilo que se é e talvez no futuro tenhamos leis para se estabelecer esses conceitos com perigo de mutilações.

É tendencia do humano não se atrever aos sentidos das amplitudes, exigir de si mesmo a subserviência ao olhar do outro, nos conforta e não demanda alguma ação. Questionar e sentir o que de fato arde sobre nossas peles, evidenciá-lo através da expressão, sem dúvida é um caminho para a tranquilidade, como Freud argumenta acerca da cura pela palavra. 

Quanto mais o ser humano se pre ocupar em estabelecer a palavra dita, mas perto de si e de seus valores e questionamentos chegará, posto que o homem costuma se colocar como diria o filósofo, como medida de todas as coisas, somente por isso pode amar de maneira desmedida, como diria Santo Agostinho.

Feliz Ressurreição a todos, no sentido de reavivar, reavaliar a si mesmo.

terça-feira, 26 de março de 2013

Almoço com Carpinejar

Quem conhece, leu ou já assistiu FABRÍCIO CARPINEJAR?

Escritor, jornalista e professor universitário, autor de vinte e um livros, pai de dois filhos, um ouvinte declarado da chuva, amante do saber.

Estaremos organizando um almoço com palestra em JUNHO em TAUBATÉ para até 50 pessoas.

Reserve seu espaço, não perca essa OPORTUNIDADE.

simone_suelene@hotmail.com

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segunda-feira, 25 de março de 2013

Ciclo do Saber no Vale do Paraíba

Centro de Estudos Reflexivos

Captamos profissionais espetaculares preferencialmente ligado a área de humanas, Psi, Filosofia e afins, para workshops na região do Vale do Paraíba e Litoral Norte. 

Profissionais envolventes, que pesquisem e possuam linguagem de fácil acesso e desejam partilhar sobre títulos que desenrolam e provocam, que são inquietantes e inquisidores dentro de nosso cotidiano e das relações. Sem grandes burocracias e academicismos. Partilha, engajamento social remunerado.

Contate-nos! Venha ocupar seu espaço, no jogo da vida. 

Vamos disponibilizar o saber também fora das academias para o público que está nas ruas, nas escolas, nas empresas carente de informações que já nos são acessíveis através de pesquisas que se acumulam em filas pelas "Capes" e "Cnpqs" da vida.

Vamos nos permitir alçar voos e alcançar lonjuras. Vamos para o Vale do Paraíba!

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sexta-feira, 22 de março de 2013

Centro de estudos reflexivos: Título: Cidadã do Século XXI

Centro de estudos reflexivos: Título: Cidadã do Século XXI: Estou em campanha para receber com toda honra e glória o título de Cidadã do Século XXI , promovido pela UNESCO , juntamente com organizaçõ...

Título: Cidadã do Século XXI

Estou em campanha para receber com toda honra e glória o título de Cidadã do Século XXI, promovido pela UNESCO, juntamente com organizações filosóficas internacionais, indicada pelo nobre amigo nobel Fidel Gutierrez, que desenvolve maravilhoso trabalho através de sua escola EVAFIL e em ações no Perú e em várias regiões latinas, disseminando a fé no saber e na boa vontade de multiplicar o conhecimento e a paz.

Espera-se que um filósofo, bem como ao homem de bem, lute pela vida com sentido de humanidade, sem matar, nem agredir, nem ferir seus semelhantes, disseminando o saber adquirido.

Esse título está aberto aos profissionais que promovem o saber e os sentidos seja em comunidade, seja individual, seja na indicação. Outros profissionais que não filósofos também podem receber indicações, caso haja interesse na causa, entre em contato, tire suas dúvidas.

Sou uma das únicas brasileiras até o momento, vamos inserir o Brasil nessa causa.
Acessem o site: http://wpf.unesco-tlee.org/eng/socr-sch/socr-schmw.htm para maiores informações e se precisarem contem comigo e o apoio de uma rede que transforma e acolhe.


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segunda-feira, 18 de março de 2013

Filósofo Profissional - Para que?


O intuito de renovar, reinventar o mesmo termo, talvez cause estranheza.
Ousar para reinventar a humanidade, já dizia padre Juvenal Arduini.
ouso, com responsabilidade, respeito, acompanhado da ética kantiana, enquanto agostiniana, caminhando pelos caminhos do entendimento do humano, demasiado humano.
Conhecendo, pesquisando, escavando, experimentando na pele, filósofos, psicanalistas, físicos, doutores, enfim, bem como gente comum, que graças a bendita ignorância permitem que reproduzam, apenas reproduzam o que está...
mas, muito nos enganamos se não percebermos que o fato de estarmos não sucita algum incomodo...mesmo ao povo comum, pois não é possível ao homem, ou ao ser falante, como diria Lacan, atribuir o significado sem antes conhecê-lo, seja através do mundo das idéias, ou através do delírio do tal inconsciente coletivo, ou seja, não é possível viver sem sentir a dor e a miséria posta, evidente.
Não nossas, talvez não da queda de Adão e Eva no paraíso, mas talvez uma a priori, seculares, vividas e instauradas...Por isso, a cada tempo em que o homem consegue ir além em suas estruturas e linguagens, consegue absorver ainda mais o enfrentamento daquilo que se é de fato, desmascarando a si mesmo, causando naúseas e vertigens, apavoramento e dor. Falta e tédio. Desespero, suicídios, drogas, guerras, Violência.
A que existe a priori no universo, a mesma que nos faz viver. E a vida requer luta e não inércia. Muito menos certezas egoísticas e narcisicas em que impera absolutamente e somente o proprio pensar, posto que. na vida, muito já se provou que fidelidade, amor e benignidade estão atrelados a confiança, a fé e ao amor.
Que bom que entramos numa era franciscana.
Consulte um filósofo regularmente, faz bem a saúde.
Centro de Estudos Reflexivos

terça-feira, 12 de março de 2013

PERSONAL PHILOSOPHERS


Filósofa oferece serviços de aconselhamento pessoal e particular, sigiloso, discreto e viável.


Especializada em resolver questões relacionadas ao campo humano, seja no sentido religioso, financeiro, familiar, profissional, mental, sexual, em grupos, empresas ou particular.
Oferece caminhos para se resolverem questões relacionadas ao cotidiano, principalmente de cunho familiar, relacional e que tornam o cotidiano triste e insuportável, bem como dá dicas e sugestões relacionadas a tempo e dinheiro e suas implicações, escolhas, caminhos, sem desespero e dor.

Você que precisa de apoio rápido, da presença e do apoio constante de alguém que possa lhe dar amor e colo, com conselhos, que possa lhe compreender, entender, sem críticas, nem distinções em relação a sua opção sexual, cor, raça ou preferência, eque não deseja mais sofrer desnecessariamente.

Tenha atendimento EXCLUSIVO.  Rápido, seguro e rigorosamente sigiloso, quando e como e pelo tempo que quiser. Você escolhe o que quer!

Profª Simone Suelene tem mais de duas décadas em estudos, testemunhos e pesquisas sobre a violência humana e suas ferramentas, bem como para o conhecimento e a pratica de si. 
Mãezona, Já morreu e viveu meia dúzia de vezes, é com sangue que escreve sua história de quem não veio ao mundo a passeio. 
Atuou com desenvolvimento humano desde o berço, alegre, extrovertida, faz a vida parecer uma festa. 
Com sugestões úteis e simples e sérias seu dia a dia pode se tornar bem mais leve.
Tem disponibilidade para viajar, discursar, produzir textos, negociar, organizar, entre outras habilidades.

Acabe com a angústia do seu coração. Marque uma entrevista sem custos.

Fone 12 36811180 12 97288488 vivo; 12 88032275 oi; 12 82324690 tim e 12 92117957
email/msn: simone_suelene@hotmail.com
skype: simone.suelene
blog: simonesuelene.blogspot.com
facebook, twiter: simonesuelene

Filósofa oferece serviços de aconselhamento pessoal e particular, sigiloso, discreto e viável.


Especializada em resolver questões relacionadas ao campo humano, seja no sentido religioso, financeiro, familiar, profissional, mental, sexual, em grupos, empresas ou particular.
Oferece caminhos para se resolverem questões relacionadas ao cotidiano, principalmente de cunho familiar, relacional e que tornam o cotidiano triste e insuportável, bem como dá dicas e sugestões relacionadas a tempo e dinheiro e suas implicações, escolhas, caminhos, sem desespero e dor.

Você que precisa de apoio rápido, da presença e do apoio constante de alguém que possa lhe dar amor e colo, com conselhos, que possa lhe compreender, entender, sem críticas, nem distinções em relação a sua opção sexual, cor, raça ou preferência, e que não deseja mais sofrer desnecessariamente.


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Profª Simone Suelene tem mais de duas décadas em estudos, testemunhos e pesquisas sobre a violência humana e suas ferramentas, bem como para o conhecimento e a pratica de si. 
Mãezona, Já morreu e viveu meia dúzia de vezes, é com sangue que escreve sua história de quem não veio ao mundo a passeio. 
Atuou com desenvolvimento humano desde o berço, alegre, extrovertida, faz a vida parecer uma festa. 
Com sugestões úteis e simples e sérias seu dia a dia pode se tornar bem mais leve.
Tem disponibilidade para viajar, discursar, produzir textos, negociar, organizar, entre outras habilidades.

Acabe com a angústia do seu coração. Marque uma entrevista sem custos.

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quarta-feira, 6 de março de 2013

Carta à meu pai - Kafka

Foi difícil digerir Kafka, com aquela história de amanhecer barata, ou coisa parecida, aceitar e relatar o caos, me chamou a atenção, depois veio "O Processo", lia na viagem para o Mato Grosso, 3 dias de onibus, uma decepção....mas, fiquei curiosa com essa "Carta ao pai, do Frans"

Retirei fragmentos do início ao fim do livro, uma carta na verdade, 35 paginas, coisa profunda, intensa e realmente verdadeira, de quem ainda nem conhecia direito Freud, imaginem esse homem hj...

Creio que o que intriga é a clareza dos sentimentos bem entendidos e sem receios, mágoas ou amarguras, é simplesmente o relato do ocorrido, sem julgamentos ou valores e quando os há, são específicos, obra magnífica que indico especialmente aos psicanalistas que estudam as manifestações fenomenológicas da linguagem e expressão humana, num set, numa determinada hora e local, seguido de quase um ritual de desvelamento de sentidos e de juizos, quase um "transe" só para ouvir e oferecer leituras como a que Kafka nos ofereceu sobre si mesmo.

Poucos chegaram tão longe, ainda (para ele mesmo) que morreu cedo.

Seguem fragmentos, quem quiser, solicita a obra...bjs


...Eu teria precisado de um pouco de estímulo, de um pouco de amabilidade, de um pouco de abertura para o meu caminho, mas ao invés disso você o obstruiu, certamente com a boa intenção de que eu devia seguir outro. Mas para isso eu não tinha condições. Você me estimulava, por exemplo, quando eu batia continência e marchava direito, no entanto eu não era um futuro soldado; ou me estimulava quando eu comia vigorosamente e além disso conseguia beber cerveja; ou quando sabia repetir canções que não compreendia, ou arremedar suas expressões prediletas; nada disso, entretanto, fazia parte do meu futuro. E é significativo que até hoje você si me encoraje de fato naquilo que o afeta pessoalmente, quando se trata do seu amor-próprio, que eu firo (por exemplo, com o meu projeto de casamento)...

...Para mim, sempre foi incompreensível sua total falta de sensibilidade em relação à dor e à vergonha que podia me infligir com palavras e juízos: era como se você não tivesse a menor noção da sua força...


...Mas para mim, quando criança, tudo o que você bradava era logo mandamento do céu, eu jamais o esquecia, ficava sendo para mim o recurso mais importante para poder julgar o mundo, sobretudo para julgar você mesmo, e nisso o seu fracasso era completo. Como em criança eu ficava junto de você principalmente na hora das refeições, a sua lição principal era em grande parte uma lição sobre o comportamento correto à mesa. O que vinha à mesa precisava ser comido, não era permitido falar sobre
a qualidade da comida - mas você freqüentemente achava a comida intragável; chamava-a de "grude", a "besta" (a cozinheira) a tinha estragado. Como você por natureza tinha um apetite vigoroso e uma predileção especial por comer tudo rápido, quente e em grandes bocados, o filho tinha de se apressar, reinava à mesa um silêncio sombrio, interrompido por admoestações: "Primeiro coma, depois fale", ou "Mais depressa, mais depressa", ou "Veja: já terminei de comer faz muito tempo". Não era permitido partir os ossos com os dentes, mas você podia. Não era permitido sorver o vinagre, mas você podia. O principal era que se cortasse o pão direito, mas o fato de que você o fizesse com uma faca pingando molho era indiferente...

...Era preciso prestar atenção para que não caíssem restos de comida no chão, no final a maioria
deles ficava embaixo de você. À mesa não era permitido se ocupar de outra coisa a não ser da refeição, mas você polia e cortava as unhas, apontava lápis, limpava os ouvidos com o palito de dentes. Por favor, pai, me entenda bem, esses pormenores teriam sido em si mesmos totalmente insignificantes, eles só me oprimiam porque você, o homem tão imensamente decisivo, não atendia ele mesmo aos mandamentos que me impunha. Com isso o mundo se dividia para mim em três partes: uma onde eu, o escravo, vivia sob leis que tinham sido inventadas só para mim e às quais, além disso, não sabia por que, nunca podia corresponder plenamente; depois, um segundo mundo, infinitamente distante do meu, no qual você vivia, ocupado em governar, dar ordens e irritar-se com o seu não-cumprimento; e finalmente um terceiro mundo,
onde as outras pessoas viviam felizes e livres de ordens e de obediência...

...Eu vivia imerso na vergonha: ou seguia as suas leis, e isso era vergonha porque elas só valiam para mim; ou ficava teimoso, e isso também era vergonha, pois como me permitia ser teimoso diante de você?, ou então não podia obedecer porque, por exemplo, não tinha a sua força, o seu apetite, a sua destreza, embora você exigisse isso de mim como algo natural: esta era com certeza a vergonha maior. Desse modo se moviam não as reflexões, mas os sentimentos do menino....

Para o outro irmão que o intimida]
..."Faça o que quiser; por mim você está livre; você é maior de idade; não tenho conselhos para lhe dar" - e tudo naquela inflexão terrível e rouca da ira e da completa condenação, diante da qual eu hoje só tremo menos que na infância porque o sentimento de culpa exclusivo da criança foi em parte substituído pela compreensão do nosso comum
desamparo.

 "Sempre do contra em tudo" não foi realmente meu princípio de vida diante de você, como acredita e me recrimina por isso. Pelo contrário:
se eu tivesse obedecido menos, você na certa estaria muito mais satisfeito comigo. O fato é que as suas medidas educativas acertaram no alvo; não me esquivei a nenhuma
investida sua; assim como sou (naturalmente pondo de lado os fundamentos e a influência da vida), sou o resultado da sua educação e da minha docilidade. Que esse
resultado apesar disso lhe seja penoso, que você se recuse inconscientemente a reconhecê-lo como produto da sua educação, se deve justamente ao fato de que a sua
mão e o meu material eram tão estranhos um ao outro. Você dizia: "Nenhuma palavra de contestação!" e com isso queria silenciar em mim as forças contrárias que Ihe
eram tão desagradáveis, mas essa influência era muito forte para mim, eu era dócil demais, emudecia por completo, me escondia de você e só ousava me mexer quando
estava tão distante que o seu poder não me alcançava mais, pelo menos diretamente. Mas você estava ali, diante de mim, e tudo Ihe parecia ser novamente "do contra",

É fato também que você nunca me bateu de verdade. Mas os gritos, o enrubescimento do seu rosto, o gesto de tirar a cinta e deixá-la pronta no espaldar da cadeira
para mim eram quase piores.

A avareza é sem dúvida um dos sinais mais confiáveis de infelicidade profunda17

É muito fácil rebater isso em qualquer parte e aqui também. Sem dúvida não se tratava de algum ensinamento que você devesse ter dado aos seus filhos, mas sim de
uma vida exemplar; se o seu judaísmo tivesse sido mais forte, o seu exemplo também teria sido mais convincente; isso é óbvio e mais uma vez não constitui, de modo
algum, uma recriminação, apenas uma defesa contra as recriminações que você faz.22

É como se alguém tivesse de subir cinco degraus de escada
e uma segunda pessoa apenas um degrau, mas que, pelo menos para ela, é tão alto quanto aqueles cinco juntos; o primeiro vai vencer não só os cinco degraus, mas também
centenas e milhares de outros, terá levado uma vida ampla e muito fatigante, porém nenhum dos degraus que subiu terá sido para ele tão importante como, para o segundo,
aquele degrau único, primeiro, alto, impossível de escalar com as forças todas de que dispõe, e que ele não só não pode subir, como também passar por cima.
 27

Estou convencido de que casar, fundar uma família, acolher todos os filhos que vierem, mantê-los neste mundo inseguro e guiá-los um pouco, é o máximo que um homem
pode em geral conseguir. O fato de serem tantos os que o conseguem não é uma prova em contrário, pois em primeiro lugar efetivamente não são muitos os que conseguem,
e em segundo esses poucos não o "fazem", simplesmente "acontece" com eles; na verdade não é aquele máximo, mas é algo muito grande e muito honroso (principalmente
porque "fazer" e "acontecer" não se deixam distinguir nitidamente um do outro). E afinal também não se trata de modo algum desse máximo, e sim de alguma aproximação
remota, porém decente; sem dúvida não é necessário voar para o meio do sol, mas ir rastejando até um lugarzinho limpo sobre a terra, onde ele às vezes brilha e onde
é possível se aquecer um pouco.

É claro que na realidade as coisas não se encaixam tão bem como as provas contidas na minha carta, pois a vida é mais
que um jogo de paciência; mas com a correção que resulta dessa réplica - que não posso nem quero estender aos detalhes - alcançou a meu ver alguma coisa tão próxima
da verdade, que pode nos tranqüilizar um pouco e tornar a vida e a morte mais leves para ambos.

Franz