Contemporaneidades


Para se ler quando não houver quem o possa dizê-lo.

            As palavras darão forma àquilo que estou pensando agora, isto é, quero fazer uma reflexão, desta forma, a única via é por meio de um relato escrito. Para começar, não poderia estar fazendo isso se não estivesse inteiramente sozinho comigo mesmo, pois a solidão nos faz encontrar o que constantemente evitamos durante o dia. Parece que boa parte do que fazemos é para distrair, para fugir destes pensamentos, que se torna uma sensação de vazio e por fim leva a denominação tão filosoficamente utilizada reduzida ao conceito de angústia.    

                
 Devo esclarecer que não faço isso apenas por estar angustiado, mais sim por estar, de certa forma, abrindo-me e colocando isso para fora, isto é, por meio destas palavras, uma sensação classificada por todos como negativa, mesmo que esta leve também a uma atitude positiva, tendo assim um aspecto bom. Contudo, se considerarmos que o bom de estar doente, é saber como é a saúde, estaria então apenas evitando as más experiências, pois estas são melhores apenas em conceitos, pois estes não nos levam qualquer tipo de sensação indesejável.      

        Desejando ou não é inevitável, a falta de controle sobre o que nos ocorre, gerando desta maneira um estado de impotência, pois um futuro determinado apenas pelas circunstâncias faz com que projetos idealizados antes de qualquer designo de suas escolhas por um sujeito se tornem um sonho muito distante. Mesmo por escrito é possível perceber que a abertura não é completa, tanto é, que os projetos se apresentam como algo abstrato, que se pode resumir a um bem-estar constante, e isso é impossível.                                                                                        

       A angústia provém de desejar algo que não é possível, se faz então projetos para alcançar o mais próximo possível daquilo que se almeja. Porém, se reduzirmos em um projeto simples teremos que entender a complexidade quando este se entende por um mínimo conforto. Podemos até voltar aquele exemplo anterior, onde se apresenta uma mal, para que se possa entender o que é um bem, isto é, uma regressão ao estado inferior em que se encontra para uma valorização da posição inicial, não há se quer movimento, logo também não há progresso.               

     Sabemos claro que pacientemente as coisas se encaminham para o seu estado natural, e que isso pode levar uma indeterminada quantidade de tempo. Se focarmos apenas na qualidade e não em quantidade não teremos problema nenhum se levarmos uma dezena de anos, pois estes serão os melhores tempos que alguém pode passar. Contudo, sabemos o que é bom dura pouco. Retornando-se mais uma vez ao problema inicial, em que o conceito tempo se faz preciso pensar de forma abstrata, pois se este é muito ou pouco, se é bom ou ruim, tanto importa, pois cada segundo não irá satisfazer ninguém até este momento.          

   Isto porque agora fica mais claro onde esta a solução para aquilo que é difícil explicar, uma sensação que muitos evitam. Bastaria fazer o que muitos já fizeram e sempre deu certo, experimenta-se apenas uma vez e problemas não haverá mais de ter após uma simples ação, uma pequena atitude, que deixo claro que esta é a última opção depois de já tentadas todas as outras escolhas possíveis.     

Sendo assim, encerro este relato tendo encontrado aquilo que tanto buscava, estando debaixo de nossos pés o tempo todo, em nossa volta por toda a vida, está aí, basta que aceitemos de forma que não seja sofrida, que é assim mesmo, não importa o quanto negamos. E assim o faço, deixa-se levar pelo sono o corpo cansado, torna-se livre o espírito inquieto.         

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