sexta-feira, 17 de junho de 2011

"O normal e o patológico" fragmentos

Os trechos são indicações de fragmentos da obra "O normal e o Patológico" de Georges Canguilhem, da 9ªed da editora florense de 1966 e as paginas estão referidas ao final do texto.
O texto se encontra disponível:
http://pt.scribd.com/doc/52289555/O-Normal-e-o-Patologico

"É no presente que os problemas solicitam uma reflexão. Se a reflexão leva a uma regressão, a regressão é necessariamente relativa à reflexão. Assim, a origem histórica importa menos, na verdade, que a origem reflexiva." 1966,P22

Será que, afirmando seriamente que a saúde perfeita não existe e que por conseguinte a doença não poderia ser definida, os médicos perceberam que estavam ressuscitando pura e simplesmente o problema da existência da perfeiçãoe o argumento ontológico? p.28

O problema da existência efetiva de uma saúde perfeita é análogo.Como se a saúde perfeita fosse apenas um conceito normativo, um tipo ideal? Raciocinando com todo o rigor, uma norma não existe, apenas desempenha seu papel que é de desvalorizar a existência para permitir a correção dessa mesma existência. Dizer que a saúde perfeita não existe é apenas dizer que o conceito de saúde não é o de uma existência, mas sim o de uma norma cuja função e cujo valor é relacionar essa norma com a existência a fim de provocar a modificaçãodesta. Isso não significa que saúde seja um conceito vazio. P.29

Antes de tudo, porém, no que se refere ao caso concreto da úlcera, deve-se dizer que o essencial da doença não consiste na hipercloridria, mas sim no fato de que, nesse caso, o estômago digere-se a simesmo, estado que, devemos admitir, difere profundamente do estado normal. Diga-se depassagem que esse exemplo talvez sirva para fazer entender o que é uma função normal. Uma função poderia ser chamada de normal enquanto fosse independente dos efeitos que produz. O estômago é normal enquanto digere sem se digerir. Aplica-se às funções a mesma regra que às balanças: primeiro fidelidade, depois sensibilidade p. 31

É de um modo bastante artificial, parece, que dispersamos a doença em sintomas ou a abstraímos de suas complicações. O que é um sintoma,sem contexto, ou um pano de fundo? O que é uma complicação, separada daquilo que ele complica? Quando classificamos como patológico um sintoma ou um mecanismo funcional isolados, esquecemos que aquilo que os torna patológicos é sua relação de inserção na totalidade indivisível de um comportamento individual.p,34

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