quinta-feira, 19 de abril de 2012

TRATADO SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Até que ponto vale a autoridade de tolher os filhos em detrimento de sua segurança? E quando, enquadrados dentro de seus espaços fechados se tornam seres inexpressivos, devido ao medo de se expor? Por quê para promover o diálogo e a reflexão sob os atos da família temos que recorrer ao direito? - Porque o direito se torna plataforma de defesa de discurso. Num tempo que se percebe a consciência acerca do respeito e da responsabilidade pode-se excluir os direitos de ir e vir de adolescentes? O que será necessário para desbravar os sentidos autoritários de pais que proíbem filhos de se comunicar com a mãe, com amigos e com quaisquer pessoas sendo sempre apontado como infrator, como perigo, sem ao menos ter cometido crimes? Quantos bichos de sete cabeças criaram em nome da segurança? Quantos seres humanos precisaram violentar para conseguir o que querem? Quando nos tornamos pais, se faz necessário perceber que no direito de parir um humano no mundo, também se faz necessário perceber sua natureza de humano a qual deverá ser formada por si mesmo e não pela autoridade daqueles que agem em nome de falsas verdades que só servem para persuadir e fazer temer. Até Hitler tinha suas razões para cometer seus genocídios. Até quando vamos impor nossos desejos e vontades em detrimento ao do outro, só porque os parimos e criamos? Até quando, menosprezaremos nossos filhos por sabermos sempre o caminho de nossas certezas infundadas, posto que a única coisa certa na vida, sem dúvida é a morte da carne... Qual é o limite de se assistir cenas de violência doméstica subjetivas? Aquela que se dão no leito da cama ao dormir, no silêncio sem misericórdia do acusador, na tortura dilacerado do amor incondicional, no desespero de não saber o que fazer e temer, sobretudo temer a perda do bem amado. Será que o amor justifica tal ato? O da tortura, da submissão e dos maus tratos? Do silencio como arma de guerra? Do castrador exprimindo opiniões que devastam sentidos, daquele que ouve? Na mania dominadora que impede o filho de voar e conhecer o céu. Ou na tirania do roubo dos sonhos e do enfrentamento da realidade. Até que ponto sabemos o que devemos para com o outro ser humano que tanto amamos? Qual é o limite da dor subjetiva? Se achavalharmos nossas mentes, descobriremos que somos artífices de nossas próprias crenças e que o nosso exterior reflete o caos interior. Somos uma civilização que se acha tão instruída que ainda nem alcançamos os descobrimentos maias e astecas. Nos achamos tão especiais e impositivos que declaramos a importância total para a vida do outro, mesmo dentro da castração e tortura. Quantos crimes não se dão na calada da noite, até que tomem corpo através das torturas impostas pelo desamor e se transformem em crimes hediondos que vemos na TV? Porque será que há tantos filhos matando pais por aí? Será que os seres humanos do século XXI percebem que não precisam de enquadramentos? Que podem agir conforme seus sentidos, posto que como o desamor desconstrua, não será possível nunca uma civilização mais justa enquanto matarmos e ferirmos em nome de nosso amor. Quantos idealistas ferem seus filhos em nome de seus ideais, e que opção os filhos tem? Filhos de pais frustrados e que precisam da autoridade para subverter e ofender, pais que esmiúçam a vida do filho para encontrar motivos para acusar, pais que ajudam a formar os psicopatas do futuro, nas melhores das intenções. Cabe aqui salientar, que, de boas intenções, o inferno está cheio. Fica o convite para refletirmos a Violência Doméstica Subjetiva. Você sabe o que é isso? Conhece algum caso? Quem sabe num tempo em que se discuta tanto a violência ou mesmo a corrupção, quem sabe não possamos ponderar sobre a corrupção de dentro de nossas almas, que usurpa do outro o direito de viver e de errar, posto que somos todos humanos, ou será que já nos tornamos divinos?

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