sexta-feira, 19 de abril de 2013

O Pensar e o agir no nosso tempo


Pensar a partir do pressuposto que pensar já é algo que só os humanos fazem por infelicidade de seus destinos, já que é algo doloroso e pensar por si só apenas reflete a situação em que estamos.

Veja se a vaca se ocupa do pensar, veja se a árvore reclama quando chove ou faz sol.
As coisas não se dissolvam pelo pensar, somente pelo suportar e não pelo pensar, principalmente se o ato de pensar, não for para buscar solução de algo.

Porém, seja lá qual for essa solução, ela não se soluciona, pois se pensarmos de modo humano, civilizado, racional, ou seja, legal e moralmente, veremos que nosso exercício de pensar não nos leva a lugar algum, posto que estamos fadados a morte, logo tudo que se tem a fazer é suportar esse pensar, a impotência humana diante do próprio humano e de suas criações, formulações, interpretações e legislações.

Sim, porque se todos estamos fadados a morte, porque então a criação de tantas formas de agir, de olhar e de se comportar? É que o humano intrinsecamente deseja a perfeição, deseja não morrer, deseja a onipotência de tudo saber, de não duvidar, de querer estar satisfeito sempre, sendo que acredita ser o construtor de seu destino, quando não o passa para as mãos de um senhor deus qualquer que dita suas próprias ordens.

Ignora ser senhor de si mesmo, ignora pertencer a uma raça dentro de uma natureza que provém da cósmica, ignora ser uma centelha, um grão de areia, ocupando-se de suas realizações para que sua felicidade se torne completa.

Pensar a partir da circunstancia que lhe cabe é então pior que isso, posto que se está, está por que fez por estar. Não há meio de estarmos sem termos entrado, escolhido. Toda circunstancia é gerida pelo ato de tê-la causado, talvez por isso seja a angústia desse refletir ainda maior.

E não há outra coisa a fazer senão consolar-se. Aceitar sua humanidade, sua fragilidade de que a noção de que qualquer outra coisa estaria também suportável. Em qualquer direção para que se vá, em diversos momentos em que a vida nos permite. Tudo que se tem a fazer é suportar e pronto.

Talvez na próxima fase, após a suportabilidade e aceitação, possamos liberar o criativo e expandir, alcançar produção no livre agir, entusiasmo para algo e interesse em alguma construção, mesmo que para tanto necessita-se compulsivamente da paciência, amiga prudente que nos auxilia no alivio das tensões, o importante é estar em movimento, posto que se está vivo.

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